Nem só de marolinhas vive o mar, não é?
Apesar de já sabermos de tudo o que está acontecendo pelo mundo e tentando sempre acompanhar o máximo possível, às vezes nos pegamos desprevenidos com as notícias. Como já falei, não é nenhuma novidade para o que temos acompanhado, mas nos deixa tensos mesmo assim. Vi hoje cedo uma reportagem sobre como a crise financeira abala os estrangeiros que estão na Europa hoje. Mas o que mais chama a atenção nessa notícia é o foco na xenofobia (ódio a estrangeiros).
“O monstro do nazismo e do fascismo não foi destruído. Ele está latente, presente”, sugere o demógrafo. Ele cita como exemplo o caso da brasileira que disse ter sido atacada por neonazistas na Suíça. “O episódio se mostrou uma farsa, mas, na época, todos aceitaram a versão dela. O caso não foi considerado absurdo. Se tivesse ocorrido no Brasil, haveria um grande estranhamento”, diz.
E agora há pouco li ainda uma outra notícia, que fala da “recusa” da Europa sobre a mão-de-obra imigrante, que tanto já valeu por lá.
Em Londres, o ministro das Fronteiras e Imigração anunciou que restrições seriam necessárias para “proteger os empregos britânicos”.
“O Reino Unido era a terra prometida para mim”, diz Andrzej Wlezinski, um polonês, “mas agora acabou”. O encanador de 40 anos planeja voltar para Lodz, uma cidade na região central da Polônia, no final de março. Ele veio para Londres, ele diz, imediatamente após a expansão da UE para o leste. Os britânicos, que toleraram por décadas o trabalho ruim dos caros trabalhadores especializados locais, receberam Wlezinski e outros como eles com abundância de trabalho e bons salários. E então o ministro do Interior, Charles Clarke, chamou homens como Wlezinski de “as joias de nossa nação”.
Mas agora isso é história. Desde o final do ano passado, Wlezinski tem procurado constantemente na Internet por empregos temporários. Ele costumava ganhar 90 libras (€ 114) por dia, mas agora ele se considera com sorte quando ganha a metade -se puder encontrar trabalho, é claro. Mas ele precisa ganhar 200 libras por semana para pagar o aluguel do pequeno quarto escuro onde mora, as passagens de metrô e alguns poucos hambúrgueres. Lodz, ele diz, é uma cidade mais barata e com “menos estresse”. Se voltar para casa agora, após cinco anos na Inglaterra, ele não levará quase nada de valor em suas duas malas. Economizar dinheiro não era uma opção.
Sabemos que até setembro tem muita água pra rolar, ficaremos de olhos bem atentos a tudo que pudermos. O dólar turismo mesmo, que quando dependíamos dele, não chegava a menos de R$ 2,40, esses últimos dias atingiu R$ 2,30.
E à medida que as coisas forem evoluindo, vamos sempre pesando na balança nossas chances por lá. É uma cidade cara, mas que oferece imensas oportunidades. Acredito que daremos certo lá! E raramente meus instintos me enganam. Espero que dessa vez eles não falhem. É muita coisa em jogo: grana, trabalho, família, amigos. Tudo pesa nessa hora. E se tudo até agora convergiu para dar certo, tenho convicção de que seguiremos nesse mesmo caminho.
Mas vamos rezando pra situação melhorar.
Deixe um comentário